Gostou do artigo? Compartilhe!

CITOMEGALOVÍRUS E GESTAÇÃO

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

 

 

A gestação é uma fase mágica da criação do ser humano, e o correto acompanhamento no pré-natal traz grandes benefícios. As vacinas e a triagem sorológica de doenças infecciosas trouxeram grandes triunfos na prevenção de doenças no recém-nascido.  No entanto algumas delas ainda não apresentam um controle pleno. O Citomegalovírus (CMV) ainda permanece como um grande temor durante a gestação. A prevalência durante a gestação varia de 0,2 – 2,0%. A maioria das infecções causadas pelo CMV são assintomáticas, durante a infecção aguda pelo CMV menos da metade das pessoas podem sentir febre baixa, astenia, cefaleia, fadiga, etc. A infecção pelo CMV é autolimitada e sem maiores complicações, muitas vezes passa como uma “virose”. Durante a gestação o aparecimento desses sintas ocorre só em 25 – 50 % dos casos, ou seja, mais da metade dos casos tem infecção, mas não apresenta sintomas. O diagnóstico é feito com positividade do teste sorológico específico para citomegalovírus, para complementar o diagnóstico pode-se se utilizar teste de avidez para CMV. Diagnósticos com testes de moleculares como PCR, não se apresentam tão eficazes, no entanto são a primeira opção para diagnóstico de possível infecção fetal, após a 20 semana de gestação, quando analisado o líquido amniótico, no entanto pelos riscos envolvidos no procedimento da análise do líquido amniótico, o mesmo nem sempre deve ser realizado. 

A prevenção da transmissão vertical (de mãe para filho), ainda é não está bem definida, no entanto, a imunização passiva com Imunoglobulina contra CMV, se mostra como um possível método preventivo na transmissão desse vírus para o feto. Um estudo clínico randomizado vem sendo desenvolvido desde 2011 nos EUA, os primeiros resultados devem sair no final desse ano, esse estudo deve trazer novas respostas (NCT01376778). Outra opção é o uso de antivirais durante a gestação, foram usados em poucas ocasiões sem resposta satisfatória, além disso os antivirais existentes para CMV apresentam risco de teratogenicidade, podendo levar a malformações fetais.

Após o nascimento a criança deverá ser submetida a alguns exames como testes auditivos e exame molecular para identificação de CMV. Quando os exames mostrarem infecção pelo CMV moderada/severa, tem indicação do uso de um antiviral chamado valganciclovir por um período de 6 meses, o que traz melhora auditiva e no neurodesenvolvimento.

Como o melhor remédio é prevenir a vacina aparece sempre como opção, no entanto ainda sem respostas satisfatórias. Existem pesquisas em desenvolvimento para a criação de uma vacina contra CMV, no entanto ainda se encontra em fases de testes, a vacina para CMV poderá ser algo promissor no futuro. Atualmente a melhor prevenção é tentar diminuir as chances de contaminação com CMV em gestantes com sorologias negativas.

As formas de diminuir o contato com o CMV são

  • Não compartilhe utensílios nem alimentos com crianças;
  • Evite contato com a saliva das crianças;
  • Higienize as mãos sempre antes e após se alimentar, assim como após contato com fraldas ou saliva de crianças;

Vale lembrar que para evitar qualquer intercorrência durante a gestação, um bom pré-natal é a base de tudo. Siga as orientações do seu médico.

 

 

 

 

Bibliografia:

  1. William D Rawlinson et al. Congenital cytomegalovirus infection in pregnancy and the neonate: consensus recommendations for prevention, diagnosis, and therapy. Lancet Infect Dis. 2017 Jun;17(6):e177-e188.
  2. T. Lazzarotto, B. Guerra, L. Gabrielli, M. Lanari and M. P. Landini. Update on the prevention, diagnosis and management of cytomegalovirus infection during pregnancy. Clin Microbiol Infect 2011; 17: 1285–1293.

Autor

Dr Fernando Javier Hernandez Romero

Dr Fernando Javier Hernandez Romero

Infectologista

Especialização em Infectologia Hospitalar no(a) Inesp.